Geração Z adota "feed zero" e some das redes sociais
- Felipe Luis
- 29 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Uma tendência chamada "feed zero" ou "grid zero" está ganhando força entre a geração Z, jovens nascidos entre 1997 e 2012. Nessa prática, muitos mantêm perfis nas redes sociais, como o Instagram, quase completamente vazios, com poucas ou nenhuma postagem visível.
Porém, perfis vazios não indicam inatividade online. Pelo contrário, a geração Z é extremamente ativa nas plataformas, mas opta por compartilhar conteúdos efêmeros, como os Stories, que desaparecem após 24 horas.
Essa preferência por um perfil sem muitas postagens reflete o desejo por mais privacidade. Diferente das gerações anteriores, que costumavam deixar um histórico digital visível, como no Orkut ou Fotolog, os jovens de hoje buscam evitar a superexposição de suas identidades em constante evolução. O "feed zero" é uma forma de impedir que seu passado digital seja facilmente consultado.
Kim Garcia, pesquisadora da Meta, comentou sobre essa tendência em entrevista à rádio NPR, dizendo que a geração Z parece ter uma aversão à permanência digital. Ela explica que esses jovens cresceram em um ambiente extremamente público, sem os mesmos espaços privados que gerações anteriores, como os millennials, tinham para se descobrir.
Outro fenômeno associado a essa busca por privacidade é o aumento de perfis fakes ou fechados. Jovens criam contas privadas, acessíveis apenas a amigos íntimos, para poderem compartilhar de forma mais livre e autêntica. No entanto, mantêm suas contas públicas com o grid vazio e recheiam apenas os Stories, entendendo a importância de ter uma presença "oficial" nas redes.
A introspecção digital da geração Z também está relacionada à saúde mental. Muitos jovens relatam estar hiperconscientes do potencial de receber feedback negativo em massa e falam sobre o "burnout digital". De certa forma, manter o feed vazio é uma estratégia de proteção contra o bullying, problemas de autoimagem e até depressão.
Além de proteção, o "feed zero" também virou um símbolo de status. Para a geração Z, perfis cheios de postagens são vistos como coisa de millennials, que hoje têm entre 28 e 43 anos e são considerados "cringe" ou cafonas por sua obsessão com estética e autoexposição.
"Se preocupar com a estética do feed é ultrapassado. Quanto menos você se importa, mais descolado você é", disse um jovem da geração Z à newsletter One Thing.
Os Zs também rejeitam a obsessão por filtros e edições exageradas que os millennials adotaram. Para eles, corrigir demais as imagens e manter um padrão de cores no perfil sinaliza que você se importa excessivamente com a aparência e está criando uma imagem artificial e inatingível.
Para a geração Z, as redes sociais têm mais a ver com conexões e interações momentâneas. A ferramenta mais usada por eles nas plataformas como Snapchat, TikTok, Instagram e BeReal é a mensagem direta (DM). Como afirmou a chefe do Instagram em um podcast, os adolescentes gastam mais tempo nas DMs do que nos Stories, e mais tempo nos Stories do que no feed. Ou seja, o que importa para eles são as trocas instantâneas e não a construção de uma identidade pública duradoura.
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